sexta-feira, 16 de abril de 2010

Conhecendo a Literatura de Cordel - Por Clério Borges

    Olá queridos leitores.
   Hoje resolvi publicar um post sobre um assunto que há muito ansiava disponibilizar aos leitores do Blog Educação ES. 
   Um talento de nossa terrinha, o historiador-poeta-trovador-escritor Clério Borges, comenta sobre Literatura de Cordel. 
   Vale a pena a leitura até o final. E para você que é professor, fica a dica para desenvolver um riquissimo projeto com sua turma através desta ARTE. ;)

   Literatura de Cordel é, como qualquer outra forma artística, uma manifestação cultural. Por meio da escrita são transmitidas as cantigas, os poemas e as histórias do povo — pelo próprio povo.
  O nome de Cordel teve origem em Portugal, onde os livretos, antigamente, eram expostos em barbantes, como roupas no varal.
  A literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome que vem lá de Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes.
  No Nordeste do Brasil, herdamos o nome (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas.
  As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.
  A história da literatura de cordel começa com o romanceiro luso-espanhol da Idade Média e do Renascimento. O nome cordel está ligado à forma de comercialização desses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cordões, lá chamados de cordéis. Inicialmente, eles também continham peças de teatro, como as de autoria de Gil Vicente (1465-1536). Foram os portugueses que trouxeram o cordel para o Brasil desde o início da colonização. Na segunda metade do século XIX começaram as impressões de folhetos brasileiros, com características próprias daqui. Os temas incluem desde fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas, temas religiosos, entre muitos outros. As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva), 1900-1938 e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéis que tiveram maior tiragem no passado. Não há limite para a criação de temas dos folhetos. Praticamente todo e qualquer assunto pode virar cordel nas mãos de um poeta competente.
  No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. Costumava ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também se faz presente em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, através de Kátia Maria Bóbbio Lima, Cordelista Capixaba, nascida em Conceição da Barra que possui mais de 100 títulos de Cordéis publicados; O Escritor Clério José Borges, também publicou o seu Livro de Cordel, O Vampiro Lobisomem de Jacaraípe. Jacaraípe é um Balneário (Praia) do Município da Serra, no Espírito Santo. Na Serra o destaque é o poeta Juacy Lino Feu, residente na avenida Alfeu Ribeiro, ao lado da Igreja Batista, em Carapina. O Poeta Teodorico Boa Morte, Acadêmico da ALEAS, lançou um livro de Literatura de Cordel sobre a Insurreição do Queimado, uma Revolta dos Negros Escravos ocorrida no Distrito do Queimado, no Município da Serra em 1849.
  O cordel hoje é vendido em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas.
  Os poetas Leandro Gomes de Barros (1865-1918), Rodolfo Coelho Cavalcante e João Martins de Athayde, (1880-1959) estão entre os principais autores do passado.

Estrofe de quatro versos.

  A quadra iniciou o cordel, mas hoje não é mais utilizada pelos cordelistas. Porém as estrofes de quatro versos ainda são muito utilizadas em outros estilos de poesia sertaneja, como a matuta, a caipira, a embolada, entre outros.
 A quadra é mais usada com sete sílabas. Obrigatoriamente tem que haver rima em dois versos (linhas). Cada poeta tem seu estilo. Um usa rimar a segunda com a quarta. Exemplo:

    Minha terra tem palmeiras
    Onde canta o sabiá (2)
    As aves que aqui gorjeiam
    Não gorjeiam como lá (4).


  Outro prefere rimar todas as linhas, alternando ou saltando. Pode ser a primeira com a terceira e a segunda com a quarta, ou a primeira com a quarta e a segunda com a terceira. Vejamos estes exemplos de Zé da Luz: (ABAB ou ABBA)

    E nesta constante lida
    Na luta de vida e morte
    O sertão é a própria vida
    Do sertanejo do Norte

    Três muié, três irimã,
    Três cachorra da mulesta
    Eu vi nun dia de festa
    No lugar Puxinanã.
  
  Para o complemento de informações sobre o assunto, acesse o site do Clério Borges, clicando aqui.

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